Menu Close

Autismo e Uso Medicinal da Cannabis: Explorando Novas Possibilidades

Dra. Flavia Siqueira – 02/04/2024

Neste mês Mundial de Conscientização do Autismo é essencial não apenas incentivar a inclusão e o apoio da diversidade das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas aumentar o entendimento, o conhecimento e discutir novas abordagens terapêuticas que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo e suas famílias. Uma dessas abordagens emergentes é o uso medicinal da cannabis, devido aos seus potenciais efeitos benéficos no tratamento dos sintomas associados ao autismo.

No TEA temos prejuízo na comunicação, na interação social e padrões de comportamento repetitivos. Mas essa definição não pode obscurecer as diversas comorbidades físicas subjacentes que esses pacientes podem apresentar como, alterações metabólicas, imunológicas, gastrointestinais (alergias, crescimento bacteriano aumentado, inflamação intestinal), epilepsias subclínicas, disfunção sensorial, reatividade à dor entre outras.

 Diversas intervenções terapêuticas multiprofissionais estão disponíveis para ajudar a gerenciar os sintomas e promover o desenvolvimento saudável. Dentre elas podemos citar a terapia ocupacional com integração sensorial, comunicação alternativa e aumentativa, psicoterapia, fonoterapia, fisioterapia, musicoterapia, equoterapia e psicomotricidade. Não há tratamento farmacológico estabelecido para os sintomas principais do TEA, os medicamentos aprovados, são basicamente para irritabilidade e agressividade que podem vir com o autismo. Por isso, é essencial o desenvolvimento de tratamentos farmacológicos inovadores para os sintomas principais e condições associadas ao TEA.

Os compostos encontrados na cannabis, como o canabidiol (CBD) conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas e neuroprotetoras e o Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) que possui propriedades analgésicas e relaxantes, podem ter efeitos terapêuticos no autismo.

Nos últimos anos, têm surgido evidências preliminares no uso da cannabis medicinal, como mostrou um estudo recente que investigou o potencial terapêutico de óleos orais de canabinoides em 150 participantes com idades entre 5 e 21 anos diagnosticados com TEA. Os participantes receberam uma solução contendo extrato de cannabis da planta inteira ou uma solução de CBD e THC na mesma proporção, além de um grupo placebo, ao longo de 12 semanas para testar a eficácia. Os resultados mostraram uma melhora significativa nos comportamentos disruptivos em 49% dos participantes que receberam o extrato de planta inteira em comparação com 21% no grupo placebo. Além disso, houve melhorias na pontuação total da Escala de Sensibilidade Social e no Índice de Estresse Parental Associado ao Autismo. Essas intervenções foram bem toleradas, mas ainda há a necessidade de mais ensaios clínicos de longo prazo, para comprovar a eficácia, segurança e ausência de efeitos adversos agudos e graves a longo prazo em pacientes com TEA.

É importante que as famílias tenham acesso a informações precisas, atuais e baseadas em evidências sobre o uso da cannabis no autismo, priorizando sempre o bem-estar e a segurança dos pacientes. A individualização do tratamento é primordial pela complexidade do TEA, os comportamentos, sintomas e reatividade variam muito de paciente para paciente. Neste sentido, o tratamento com os óleos a base cannabis disponibilizados pela Welev Pharma apresenta a possibilidade de enfrentar, com a qualidade e segurança necessárias para garantir o desafio de aliviar os sintomas do TEA e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Referências

Aran A, et al. Cannabinoid treatment for autism: a proof-of-concept randomized trial. Mol Autism. 2021; 3;12(1):6. doi: 10.1186/s13229-021-00420-2.

 Silva EAD Junior, et al. Cannabis and cannabinoid use in autism spectrum disorder: a systematic review. Trends Psychiatry Psychother. 2022; 13;44:e20200149. doi: 10.47626/2237-6089-2020-0149.

Zeidan J et al. Global prevalence of autism: A systematic review update. Autism Res. 2022; 15(5):778-790. doi: 10.1002/aur.2696.

Please Login to Comment.

× Como podemos te ajudar?